
Pedaços de foguete chinês que caíram na Terra são encontrados
04/08/2022Agência Espacial das Filipinas confirma destroços de foguete chinês encontrados em águas do país
Na última quarta-feira (3), a Agência Espacial das Filipinas (PhilSA) confirmou oficialmente que uma folha de metal encontrada em águas territoriais filipinas, ostentando parte da bandeira da China, pertence a um foguete chinês lançado no final de julho. A peça foi descoberta por pescadores a aproximadamente 160 quilômetros da costa do município de Mamburao, e posteriormente recolhida pela Guarda Costeira das Filipinas.
De acordo com a PhilSA, o fragmento encontrado exibia marcações do foguete Long March 5B (CZ-5B), modelo utilizado pela China em diversas missões espaciais recentes. “Os destroços recuperados foram identificados como parte da carenagem de carga útil do CZ-5B, que se desprendeu do foguete ao entrar no espaço sideral durante o lançamento”, explicou a agência. Segundo a nota oficial, componentes como este são projetados para serem descartados deliberadamente em áreas específicas, geralmente em corpos d’água, como uma medida de segurança para evitar que detritos atinjam zonas habitadas.
Lançamento e trajetória do Long March 5B
O foguete chinês CZ-5B foi lançado em 24 de julho a partir da ilha de Hainan, levando consigo o módulo de laboratório Wentian, uma peça essencial para a expansão da estação espacial chinesa, a Tiangong. A operação foi considerada um marco para o programa espacial da China, que busca consolidar sua presença no espaço sideral.
Segundo informações da PhilSA, o CZ-5B reentrou na atmosfera terrestre em 31 de julho, sobre o Oceano Índico. Ainda de acordo com a agência, pedaços da estrutura do foguete foram detectados no espaço aéreo da Malásia, pouco antes de sua trajetória culminar no Mar de Sulu, próximo à ilha filipina de Palawan. Isso evidencia a abrangência dos destroços e o risco de que fragmentos pudessem atingir diferentes regiões do Sudeste Asiático.
Comunicação prévia e protocolos de segurança
A PhilSA enfatizou que, ainda antes do lançamento, todas as agências governamentais relevantes foram informadas sobre o evento. Estimativas sobre as zonas potenciais de queda de destroços foram calculadas e comunicadas aos órgãos competentes antes da decolagem, em 24 de julho. O objetivo era permitir uma rápida mobilização e a implementação de protocolos de coordenação, caso fragmentos caíssem em território filipino.
Durante a reentrada do CZ-5B, as autoridades filipinas já estavam em estado de alerta. A PhilSA destacou que equipes especializadas foram ativadas para monitorar e reagir a possíveis avistamentos de destroços, garantindo a segurança da população e a correta gestão de eventuais resíduos espaciais.
Riscos associados aos destroços
Além de confirmar a origem do material metálico encontrado, a PhilSA emitiu um alerta ao público, orientando que qualquer avistamento de fragmentos espaciais deve ser imediatamente comunicado às autoridades locais. A recomendação é clara: a população deve evitar contato com os destroços, pois eles podem conter substâncias tóxicas, como restos de combustível de foguetes, que representam sérios riscos à saúde humana e ao meio ambiente.
A agência ressaltou que os materiais espaciais, mesmo após a reentrada na atmosfera e a queda em áreas remotas, podem manter elementos perigosos em sua composição. Portanto, é fundamental que qualquer manuseio ou remoção dos fragmentos seja feito exclusivamente por equipes treinadas.
Crescimento das preocupações globais com detritos espaciais
O episódio envolvendo o CZ-5B reacende o debate sobre a responsabilidade dos países em relação à segurança espacial e ao gerenciamento de detritos. Especialistas em segurança espacial têm manifestado preocupação quanto à prática da China de permitir a reentrada descontrolada de grandes objetos orbitais, como foguetes de grande porte.
Enquanto muitas agências espaciais no mundo, como a NASA e a ESA (Agência Espacial Europeia), adotam tecnologias para garantir que estágios de foguetes sejam desintegrados de forma segura ou direcionados para áreas desabitadas, o modelo Long March 5B já esteve no centro de outras controvérsias semelhantes em anos anteriores.
Apesar da probabilidade de que fragmentos atinjam áreas habitadas ser considerada baixa, o simples fato de restos de foguetes caírem em locais próximos a populações humanas levanta preocupações sobre a necessidade de regulamentações internacionais mais rigorosas no setor espacial.
Conclusão
A confirmação de que os destroços encontrados em águas filipinas pertencem ao foguete chinês Long March 5B reforça a importância de protocolos de monitoramento e segurança em lançamentos espaciais. A rápida atuação da PhilSA e das autoridades locais evitou maiores incidentes, mas o caso serve como alerta para a crescente necessidade de regras globais mais claras sobre o gerenciamento de resíduos espaciais.
Com o avanço das atividades espaciais de diferentes nações, eventos como este tendem a se tornar mais frequentes, exigindo um esforço conjunto da comunidade internacional para proteger tanto a segurança das populações quanto a preservação do meio ambiente terrestre e orbital.