
Polícia Federal inicia operação que combate crimes digitais
04/08/2022Polícia Federal lança operação “Não Seja um Laranja!” com apoio da Febraban em combate a crimes digitais
Na última terça-feira (2), a Polícia Federal (PF) deflagrou a operação “Não Seja um Laranja!”, com o objetivo de combater crimes e golpes digitais que vêm crescendo de forma alarmante no país. A ação conta com o suporte da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e ocorre em 13 estados e no Distrito Federal, reforçando o esforço conjunto para enfrentar práticas criminosas no ambiente virtual.
A operação tem como foco principal a busca e apreensão de indivíduos envolvidos em fraudes digitais, especialmente aqueles que, de alguma forma, colaboram para a prática de crimes como estelionato eletrônico, invasão de dispositivos e furto qualificado no meio digital.
A base legal da operação
A atuação da PF e da Febraban segue os parâmetros estabelecidos pela Lei nº 14.155, que alterou o Código Penal brasileiro para endurecer as punições relacionadas a crimes cibernéticos. Promulgada em 2021, essa legislação prevê penas que podem variar de quatro a oito anos de reclusão, além da aplicação de multas. Em situações específicas, como quando o crime é cometido contra idosos, pessoas vulneráveis ou em casos que envolvam criminosos localizados fora do país, as penas podem ser ainda mais severas.
Essa modernização do Código Penal reflete a necessidade de adaptação do ordenamento jurídico brasileiro à nova realidade de criminalidade digital, onde fraudes eletrônicas e invasões de dispositivos se tornaram práticas comuns entre criminosos.
As técnicas mais usadas pelos criminosos
Entre os principais métodos empregados pelos fraudadores estão os ataques de phishing — prática em que criminosos enviam mensagens ou e-mails falsos com o objetivo de induzir a vítima a fornecer dados pessoais ou bancários. Outro golpe recorrente é a clonagem do WhatsApp, em que os criminosos assumem o controle da conta da vítima para solicitar dinheiro a contatos próximos.
O golpe do falso funcionário de banco também é uma prática frequente: criminosos entram em contato com a vítima, se passando por representantes de instituições financeiras, e convencem as pessoas a fornecer dados sensíveis ou realizar transferências bancárias.
A Febraban, em comunicado oficial, destacou que a operação irá focar nesses crimes, buscando punir quem participa de esquemas de fraudes em transações digitais, além de identificar e responsabilizar os chamados “laranjas” — pessoas que cedem ou emprestam suas contas bancárias para o recebimento de dinheiro oriundo de golpes.
Alerta e conscientização: papel fundamental
O movimento da PF em parceria com a Febraban não se restringe apenas à repressão. A ação também tem caráter educativo, buscando conscientizar a população sobre os riscos de ser cooptada para atuar como “laranja” e os prejuízos que isso pode acarretar. A pessoa que cede a própria conta bancária para facilitar transações fraudulentas pode ser responsabilizada criminalmente, mesmo que não tenha participado ativamente da execução do golpe.
Em junho, a Febraban já havia emitido um alerta ao público sobre o aumento dos golpes em aplicativos de mensagens. Na ocasião, Adriano Volpini, diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da entidade, orientou a população sobre como proceder diante de pedidos suspeitos de dinheiro.
“É fundamental desconfiar sempre que receber uma solicitação de dinheiro, mesmo que venha de um parente ou amigo. Antes de qualquer transferência, confirme a veracidade do pedido ligando para o número salvo em sua agenda telefônica, e jamais pelo contato que lhe enviou a mensagem”, reforçou Volpini.
Combate contínuo e importância da prevenção
A operação “Não Seja um Laranja!” reforça o compromisso das autoridades em reduzir os índices de fraudes eletrônicas, que afetam milhares de brasileiros anualmente e causam prejuízos milionários. De acordo com especialistas em segurança digital, a cooperação entre órgãos públicos e instituições financeiras é essencial para criar barreiras eficazes contra a criminalidade virtual.
Além disso, a conscientização individual continua sendo a primeira linha de defesa. Manter a cautela ao clicar em links desconhecidos, verificar informações antes de realizar transações financeiras e desconfiar de solicitações fora do padrão são atitudes fundamentais para se proteger no ambiente digital.
A expectativa é que a operação gere efeitos significativos não apenas na punição dos responsáveis, mas também na redução do uso de contas bancárias de terceiros para movimentar recursos ilícitos.
Em um mundo cada vez mais conectado, a prevenção e a educação digital surgem como ferramentas indispensáveis para garantir a segurança de todos. A PF e a Febraban deixam claro com essa iniciativa: ser cúmplice, mesmo de forma involuntária, é crime — e a responsabilidade é de cada um.